domingo, 9 de janeiro de 2011

Insónias

Já vos contei que volta e meia passo as noites em claro?
Normalmente começam como todas as outras: eu cansada, na cama a ler ou, na loucura, a ver um filme. Sentir os olhos a ficar pesados até ao ponto de acordarem com o vosso próprio ronco (eu chamo a isto o momento do leão, que é quando vocês dão um ronco tão inesperado que se acordam a vocês mesmos e se assustam. Uma espécie de rugido). Nesta fase (quando tenho juízo é um bocadinho antes), desliga-se o que se tiver de desligar, pousa-se o livro que se estiver a ler, desliga-se a luz, fecha-se os olhos naquela tão nossa posição preferida e ahhhhhh..... doce descanso. Só que ele não chega. e vocês mudam de lado. Barriga para baixo agora. Olham as horas e já passaram 40 minutos desde que desligaram a luz. Aí pensam: isto é ridículo, ainda há pouco não segurava os olhos. Mas é verdade. Dura e, principalmente, triste. Nesta fase já só estamos a adiar o inevitável. Ligar a luz. O sacrilégio que é estragar uma noite ordinariamente perfeita com uma luz que não nos vai deixar dormir. Quem, no seu estado comum de plena sanidade liga a luz numa noite em que se deveria estar no escuro, na paz, a dormir? Mas nisto, já passou mais meia hora e vocês já estão a contar no número de frinchas das portadas/persianas, porque os vossos olhos já se habituaram à escuridão. 
Além disso, estiveram na cama uma horinha e tal a ler (porque o livro era mesmo bom e era para ser só mais um capítulo, mas quando dão conta já leram mais de metade da obra), mais a hora e meia que estão acordados a olhar para o tecto a amaldiçoar a noite que podia ser tão abençoada se estivessem a dormir... isto já dá sensivelmente três horas sem ir à casa de banho. Mas quê? Já agora, liga-se a luz e vamos ao WC, que é bom. Já agora passamos na cozinha e roubamos qualquer coisa ao frigorífico enquanto dizemos para nós próprios que a comida durante a noite não engorda porque o cérebro deveria estar a dormir e que por isso engana a barriga (como se...). Mais uma volta na cama. E a bexiga começa a gritar. Não verdadeiramente, que as bexigas não têm boca ou voz, mas na vossa cabeça a coisa está a parecer crítica. Mesmo que não seja. 
Agora, é a fase em que dizemos mal do mundo, do frio que está fora da cama, respiramos fundo, fechamos os olhos com força, ligamos as luzes, puxamos os lençóis para baixo, abrimos um bocadinho do olho direito, olhamos para onde pomos os pés enquanto que, contrariados, nos levantamos e lá vamos a passos lentos até ao quarto de banho (isto tudo claro, enquanto batemos com o dedo pequenino do pé na porcaria da perna da cama que insiste em estar SEMPRE no caminho). Atrevemo-nos a ligar mais uma luz? Isso já depende de cada um. E agora, estamos sentados a fazer xixi (ou de pé, se forem homem- e esta construção frásica, hein? 10 pontos para a miúda que andou em Humanidades) e a barriga faz barulho. Boa, era só o que faltava! Vamos mesmo ter de fazer uma viagem à cozinha. Logo agora que tínhamos decidido fazer dieta. Era só o que precisávamos.
Claro que, comer sozinhos não tem piada, como tal, nada melhor do que irmos até à sala e fazer um zapping rápido. Oh, olhem, está a dar o Biggest Looser! Nem a propósito, claro que está a dar um programa de perder peso enquanto estamos a comer uma tosta mista. Óbvio! Mas pronto, que é que se pode fazer, lá vemos nós, enquanto nos empaturramos, quem é o próximo a sair. Nisto são 4.30 da manha e vocês na sala. Agora, e aqui há quem varie, por isso vou vos dar tempo livre para zapping enquanto os outros vão ali à varanda fumar um cigarrinho que cai sempre bem depois de comer.
...
Já estamos todos juntos de novo? Satisfeitos? Cansados? Ainda não? Calha bem, que faltam três horas para acordarem. Aproveitamos, já que não conseguimos dormir e vamos dar um saltinho à net. Um salto ao Facebook, outro ao Twitter, consultamos dois ou três sites, só para saber o que se passa no mundo. Mais uma ida ao Facebook. Ah, cá está, o vosso/a amigo/a com quem já não falam há imenso tempo vem saber como estão no chat. Mais meia horinha de conversa que não interessa a ninguém, mas quer dizer, não temos sono e não somos mal educados, certo? Pois, bem me parecia. Entretanto, vamos ver pela enésima vez o video do panda que espirra no Youtube, só porque não importa as vezes que vemos, não há maneira de não nos rirmos. E, quando achamos que é patético ter passado do panda para gatos que se assustam e vão contra paredes, desligamos os pc's. Vamos para a cama. Pegamos no livro que estávamos a ler e retomamos. E sem darmos conta já são seis da manhã. E vocês têm de acordar às sete! Os vossos olhos ficam pesados e o corpo cansado e desta vez não há um ronco que vos alerte para o facto do vosso livro estar agora entalado entre nós e a almofada. 
Até que.... O maldoso do despertador espera que nós fiquemos ferradinhos no nosso delicioso sono para tocar.


E com isto, fico irritada.

Claudia.

0 comentários:

Enviar um comentário

 

Sample text

Sample Text